quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

Sistema Único de Saúde

É inegável: uma consulta médica é absurdamente cara. No meu orçamento, é um grande peso. Mas vejo pessoas que em uma situação parecida com a minha negam-se a ir ao Posto de Saúde (o querido postão). E os médicos são os mesmos, atendendo particular e SUS.

O que aconteceu nestas três últimas últimas (e sobre o que tenho falado no blog) foi que tive problemas com meu ouvido esquerdo - parei de escutar. Fui ao Posto. Primeiro falei com a enfermeira que me receitou umas gotinhas pra pôr no ouvido. Passou uma semana e não melhorou... Voltei lá. A médica estava de férias, então peguei uma ficha para o médico substituto. Aí eu sentei nos bancos com todas as pessoas que estavam lá, cada uma guardando em si o problema que trazia, e me pus a ler. Foi ótimo! Tenho pouco tempo para ler, então serviu bem o tempo que esperei.

Da sala do médico, falou: Rafaela. Entrei. Após examinar meus ouvidos, me encaminhou para o Otorrino. Ao sair ele foi muito simpático comigo e atensioso, assim como as enfermeiras que estavam lá para atender a quem chegasse com algum problema para resolver.

Consegui uma consulta com o Otorrino para terça-feira. Estava na fila junto com os particulares, e não havia gastado uma moeda com meus tratamentos até então. Fui muito bem atendida e hoje, quinta-feira, fiz o que devia ser feito no Hospital. Chegando lá, meia hora passada fui atendida.

Até agora melhorou muito minha audição e sei que não posso molhar os ouvidos, porque tenho pré-disposição a infecção. Como não ouço ainda 100% o médico disse que qualquer problema era só voltar lá sábado de manhã.

Me senti muito satisfeita e orgulhosa da cidade e do país onde vivo. Nós ouvimos falar tanto de cidades com hospitais lotados, postos de saúde sem estrutura, mas felizmente aqui em Panambi não é assim. Os profissionais que me atenderam foram dedicados e preocupados. Senti que por eu existir aqui há zelo por mim.

Quem estão nos postos de saúde? Anônimos, mostrem-se. Conheça os postos de saúde, pessoas como todas as outras que adquirem os mesmos problemas que você. Ainda pessoas que atendem àquele homem simples, de vestes bastante usadas, com amor, com preocupação. Àquela mulher com um chinelo sem salto que ao lado de quem sentar perguntará da vida, falará do tempo, só pra puxar um papo e ser agradável.

Que importa na vida? Ostentação de felicidade falsária, aquela que se faz com o que o olho vê? Não. Importa sentir-se bem em qualquer lugar. Não porque o teu próximo é invejável, mas porque ele te faz sorrir, seja dum causo qualquer, duma frase meio sem gramática mas que mostra "aprendi assim, não tenho vergonha em falar assim e pra ser legal com você falarei desse jeito mesmo. Não nego quem sou, não finjo quem não sou".

O que sua alma levará? Aquela roupa tão cara que foi parcelada em 5X e tomou quase todo o seu salário que é razoável, senão baixo, como o de todo mundo?

Quero que a minha leve o amor que tanto recebi e que dei. O sorriso que me permiti a dar àquele que não me daria lucros nem vantagens. A alegria que recebi de volta. A certeza de que me diverti andando de ônibus, ouvindo duns absurdos da vida na fila do SUS e dando risada disso, de que me esforcei e precisei dar mais de mim porque não ganhei tudo.

Tenho certeza que aquelas pessoas que encontrei nessas semanas e tão bem me atenderam, mesmo sabendo que direto do meu bolso não saía nada, pensam assim. Pensam com amor no seu próximo fazendo o que puder para ser útil, fazer diferença.

Este amor é fundalmentalmente a questão do ver. Esteja o coração antes dos olhos programados ao julgamento sistemático. O amor a quem não nos deve nada mas a quem foi dada a mesma dádiva, a vida.


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